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"Não nos tornamos iluminados por imaginarmos figuras de luz, mas por nos tornarmos conscientes da escuridão. O segundo procedimento, no entanto, é desagradável e, portanto, impopular." Carl Jung
Aulas Particulares Iniciante/ Intermediário/ Avançado/ Lua Negra/ Interpretação
terça-feira, 7 de setembro de 2010
A mente e o Amor
IX. 2. 2. Assim sendo, atentemos nestas três coisas que julgamos
ter descoberto. Não falamos ainda do divino, não falamos ainda de
Deus, Pai e Filho e Espírito Santo, mas desta imagem imperfeita, todavia imagem, ou seja, do homem; ela é olhada de modo mais familiar e talvez mais fácil pela fraqueza da nossa mente.
Ora, quando eu, que me entrego a esta investigação, amo alguma coisa, há três coisas: eu, aquilo que eu amo e o próprio amor. Efetivamente eu não amo o amor se não amar aquele que ama, pois não há amor onde nada é amado. Há, portanto, três coisas: aquele que
ama, aquilo que é amado e o amor. Que acontece se eu apenas me
amar a mim mesmo? Não haverá só duas coisas: aquilo que eu amo
e o amor? Efetivamente aquele que ama e aquilo que é amado são a
mesma coisa, quando alguém se ama a si próprio, assim como, quando
alguém se ama a si mesmo, amar e ser amado é do mesmo modo a
mesma coisa. De fato, refere-se duas vezes a mesma coisa quando se diz: ‘ama-se’, e ‘é amado por si mesmo’. Neste caso, não são coisas
distintas amar e ser amado, como não são distintos o que ama e o que
é amado. Quando na verdade o amor e aquilo que é amado são duas
coisas. Efetivamente, amar-se alguém a si mesmo não é amor, exceto
quando é amado o próprio amor. Pois uma coisa é amar-se a si, outra é
amar o seu amor. De fato, o amor não é amado se não ama já alguma
coisa, porque, onde nada é amado, não existe amor. Por isso, quando
alguém se ama, há duas coisas: o amor e aquilo que é amado; então
aquele que ama e aquilo que é amado são uma só coisa. Daí na parecer consequente que, onde houver amor, se pressuponham três coisas. Retiremos, então, desta reflexão todos os outros elementos, e são muitos, de que o homem é constituído, e para esclarecermos, quanto nesta matéria é possível, aquilo que agora investigamos, tratemos apenas da mente. Ora, quando a mente se ama a si mesma põe em evidência duas coisas: a mente e o amor. Que outra coisa é amar-se senão querer ter-se à disposição para fruir de si? E, ao pretender ser tal qual é, a vontade é igual à mente e o amor igual àquele que ama. E, se o amor é uma substância, não é corpo, mas é espírito, nem a mente é corpo, mas espírito. Nem amor e mente são dois espíritos, mas um único espírito, nem duas essências, mas uma; e, todavia, estes dois, aquele que ama e o amor, ou, se se pretender, o que é amado e o amor, são uma só coisa. E estas duas coisas são ditas numa relação recíproca, pois aquele que ama reporta-se ao amor e o amor àquele que ama; de fato, aquele que ama, ama mediante algum amor, e o amor é pertença de alguém que ama. Ora, mente e espírito não são ditos relativamente, mas apontam para uma essência. Não é porque mente e espírito sejam pertença de um homem que a mente é também espírito. Posto de lado aquilo que o homem é, aquilo que se afirma pela adjunção do corpo, segue-se que, posto de lado o corpo, fica a mente e o espírito. Mas, posto de lado aquele que ama, o amor deixa de existir, e, posto de lado o amor, deixa de existir aquele que ama. Por isso, na medida em que se reportam um ao outro, são duas coisas; mas, pelo fato de serem ditas em relação a si mesmas,
por um lado, cada uma é espírito e ambas em conjunto um só espírito, por outro lado, cada uma é mente e ambas em conjunto uma só mente.
Onde está, então, a Trindade? Concentremo-nos quanto nos é possível
e invoquemos a luz sempiterna, para que ilumine as nossas trevas e
vejamos em nós, quanto nos é permitido, a imagem de Deus 49.
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